Fichamento
Referência: CALABI, Donatella. A CIDADE DO PRIMEIRO RENASCIMENTO. São Paulo: Perspectiva, 2008. Cap. 6 (As Casas). p. 105-120
Disciplina: História da Arte, da Arquitetura e do Urbanismo.
Professora: Juliana Valverde
Data: 24.09.2017
Masolino e Massacio, Guarigione dello storpio e resurrezione di Tabita
(Restabelecimento de Aleijado e Ressurreição de Tabita)
Detalhe com uma série de casas de habitação civil em Florença, Chiesa del Carmine.
(Restabelecimento de Aleijado e Ressurreição de Tabita)
Detalhe com uma série de casas de habitação civil em Florença, Chiesa del Carmine.
Melhora dos Standards (p.105-107)
O meio urbano das cidades medievais europeias possuía fachadas voltadas para a rua, onde eram estreitas e tinham limitações. Constituíam com três a cinco janelas juntas uma das outras, porém para diferenciar as edificações o telhado era diferente. Umas tinham platibanda, outras cornijas ou reboco colorido.
No século XV número da quantidade de bodegas no andar térreo aumentou consideravelmente, seu material era de "madeira ou tijolos, e telhados com beirais."
As condições higiênicas eram precárias, onde "os resíduos do açougueiro ou de outros trabalhos sujos e a presença de canais de escoamento" facilitavam as imundices do local. Com isso, o cuidado com a higiene era um fato que não poderia passar despercebido. Para combater ou minimizar a falta de higiene foi proposto normas de convivência, limpeza das ruas, iniciativas para pavimentação, melhorias dos padrões urbanísticos.
No final das décadas do século XV, grande parte das propriedades fundiárias pertenciam ainda as famílias que tinham posses ou títulos.
Novos Tipos Edilícios (p.107-110)
As tipologias residenciais começam a se modificar entre o século XIV e XV, se já no século XIV eram de uma forma, no século XV, eram de outra, pois as edificações possuíam "estruturas mistas: armação de madeira e
revestimentos em pedras", isso em Londres, Paris e em outros centros nórdicos.
Na França, as edificações apresentavam três ou quatro andares mais a água-furtada e torreões, sendo térreas e sobre pilares de madeira decorada, apresentando maiores garantias contra os incêndios. Isso acarretou na diminuição de moradias coletivas destinadas às camadas mais simples da população.
As unidades poderão ser subdivididas em frações, criando uma rede mais densa, isso em decorrência do grande interesse pelas fachadas voltadas para a rua, especialmente no andar térreo. Novos tipos de edilícios surgem por conta de "habitações maiores e as bodegas (menores)", isso nas cidades inglesas. Uma rede de bodegas foram criadas no sentido da rua, formando um alinhamento autônomo, nesse caso, é relevante "uma estreia abertura e longo corredor", tendo acesso às zonas mais internas do imóvel.
Em Roma, aumentou consideravelmente o tamanho da sua população, "os novos chegados invadem as zonas e edifícios abandonados"; a cidade não é densa, nem compacta; poucas ruas têm aspecto regular. Alguns edifícios residenciais mais modestos possuíam torres altas e quadradas, com fundos interligados aos quartos superiores. Os "palácios mais importantes dificilmente superavam os três andares", recorrentemente, "eram reconstruídos sobre fundações antigas", isso era comum em imóveis e apartamentos com lojas no nível da rua e escadas átrios de acesso alternados.
Em Verona, mudanças na organização urbana não vistosas individualmente, mas globalmente significativas, promoveram "famílias de patrícios respeitáveis", alguns firmados no comércio de tecelagem e até mesmo "artesões menores, comerciantes ou tabeliões, e até mesmo imigrantes recentes". As intervenções das tipologias são variadas. Mudanças nas modalidades de construção, foram feitos levantamentos e conferidas autorizações parciais, "mesmo sendo poucos os desenhos que acompanham os pedidos".
Os Palácios Patrícios (p.111-113)
No século XV o progresso da arquitetura civil foi extraordinário em toda a Europa, seu estilo moderno se destacou. Os patrícios mais ricos construíram seus palácios.
A introdução de escadas externas, contribuiu com maior autonomia para o espaço doméstico “e a localização de habitações independentes no mesmo edifício”. O edifício de apartamento se desenvolveu com um pátio interno. Muitas intervenções foram feitas pela coroa, procurando “fundos para os cofres reais” e também melhorias nas residências.
Na península, gradativamente, aumentaram a compra crescente de propriedades adjacentes. As aplicações fazem pensar a fachada em vários núcleos familiares, “os acessos, as disposições dos pátios e jardins, de modo diferente em relação aos espaços públicos. ”
Edificações cardinalícias são realizadas em Roma, por não ser homogênea as construções “atestam a sucessão das diversas fases edilícias”, onde dificilmente “eram formas geométricas que unificam partes do edifício”.
Os romanos se distinguem dos florentinos primordialmente pela solidez e não pela qualidade da arquitetura.
Construía-se na capital da Sereníssima uma cidade bem diferente, muito povoada, contendo edifícios com grandes pátios e jardins, iluminada. “Além das razões estéticas e figurativa a particularidade das características tipológicas dos grandes edifícios realizados na laguna”.
Implantações Residenciais Reservadas (p.113-115)
Devem ser apontados os casos totalmente diferentes, por forma e por função nos bairros de habitações compactas.
Episódio único naquele percurso, consistiu a ampliação residencial, “separando os pontos cruciais e percursos dentro do tecido urbano, contribuindo a uma rápida transformação” denominada de “metrópole” moderna, “construído entre 1519 e 1523, nos subúrbios de San Giacomo”.
“Algumas ondas de imigração assumiram uma importância enorme na modificação da forma e qualidade de espaços destinados à residência. ”
Em Veneza, obteve uma fragmentação dos imóveis, houve uma mistura de funções (escola, comércio, habitação...), aumentando assim, o número de andares de cada habitação, houve a diminuição do pé direito, tendo melhor aproveitamento do uso da superfície.
Com ritmos e graus de imposição diferentes, “muitas cidades instituem áreas de segregação residencial dentro do perímetro das muralhas. ”
Florença (p. 116-120)
Durante o século XV, mudanças são produzidas no setor residencial. A sequência dos equipamentos e dos espaços internos e externos do imóvel “são adaptados a um novo gosto”.
O palácio Pitti em 1458, foi “construído por grandes mercadores ou pelas famílias dos mais importantes banqueiros”. A aglomeração das casas habitadas pelos artesãos, pelo povo em geral em sua volta, evidenciava a diferença entre o palácio e as humildes casas.
“O organismo arquitetônico remete às características de um edifício público tradicional. ”
“O processo de modernização, iniciado com grandes investimentos na edilícia residencial privada, indica a importância que assume na cidade, o nascimento de uma clientela capaz de entender a linguagem arquitetônica ou seu valor revelador. ”
Comparação dos elementos morfológicos das Casas do Renascimento x As Casas da Cidade Medieval
As Casas do Renascimento
Nas cidades medievais europeias, geralmente o lote é estreito, por isso tem uma maior profundidade, com a fachada voltada para a rua, possuíam três ou cinco janelas coladas uma na outra. As residências são construídas alinhadas ou perpendiculares à rua com plantas em L ou C. A cidade era muito delimitada por ser cercada de muralhas, o espaço era pouco e a população cada vez mais aumentando, com isso as casas foram crescendo para cima chegando a ter casas de 3 a 4 andares, a parte da habitação se concentrava nos pavimentos superiores, o pavimento térreo passou a ser dimensionado para o comércio, era onde concentravam-se as bodegas, as estruturas eram de madeira ou tijolos.
A rede hídrica era frequentemente boa, mas com a domesticação de animais, resíduos do açougueiro, a presença de canais de escoamento, fazem com que as condições de higiene se tornem precárias. Com isso eles passam a tomar providencias, criam normas, limpezas nas ruas, reconstroem aquedutos e canais. As praças organizavam o traçado da edificação da cidade, tendo a perspectiva. Visão da praça como parte essencial da cidade, centro de socialização e comercio.
Em Londres durante o século XIV, as casas começaram a ser construída com estruturas de armação de madeira, revestimento em pedras. Na França edifícios com três ou quatro andares mais água furtada, pilares de madeira decorada. Nas habitações inglesas, as bodegas eram menores e as habitações eram maiores, formando um alinhamento autônomo. Já em Roma, com o aumento da população, eles passaram a invadir edifícios abandonados, era muito comum apartamentos com lojas no nível da rua e escadas de acesso alternados.
As casas na Cidade Medieval
As moradias eram pequenas, com poucas janelas e no início do período medieval não existia divisão de cômodos. As casas de pedra eram somente para os nobres e burgueses. Uma diferença entre as casas no campo e as urbanas e que nas cidades, as casas eram construídas junto das oficinas e comércios.
Nas casas não havia um espaço reservado para banheiro, o chão das casas era feito de pedra e por cima do calçamento eram colocados tapetes ou palha que possibilitavam o acúmulo de micro-organismos em virtude da sujeira das cidades. As casas eram amontoadas, porque as cidades não eram organizadas, por várias vezes parecendo labirintos. No geral, as mudanças para o estilo adotado nas cidades, diminuiu a qualidade de vida. Visto que, a aglomeração fez com que surgissem problemas novos como doenças e epidemias, por causa da pouca ventilação e iluminação dos espaços interiores.
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